A concepção e pluralidade divina

A complexidade da compreensão do que é Deus, remonta a história da humanidade. O caminho pode ser por dentro. Nas palavras de Jesus: "conhece-te a ti mesmo"

A concepção e pluralidade divina

      Pode-se entender e ver Deus de muitas formas e pode-se concebê-lo de muitas maneiras. O ser humano, como fractal divino, sempre buscando uma divindade para curar seus medos, seus traumas e suas incapacidades sensoriais. Buscando no externo a solução para todos os seus problemas. Centralizando todas as respostas em apenas um ser, que seria capaz de mudar a sua vida com um estalar de dedos.

 

A GRANDE PROMESSA DIVINA

       A dependência do homem, enquanto criatura, a um ser fantasmagórico, idealista, rancoroso, que prega justiça e crueldade na mesma moeda, é antiga e enraizada há gerações e gerações de criaturas. A história já tratou de florear e justificar todos os feitos desta relação intima e peculiar; onde o ser humano, como parte frágil e entorpecida da relação, precisa provar todo o seu amor e a sua fidelidade o tempo todo enquanto viver, para poder conquistar a grande vitória, que seria a única razão para sua pequena existência neste planeta, de salvar a sua alma do “inferno” e poder ir para o “céu”, onde “terá” a “vida eterna”. E não é só isso! Assim como um slogan de marketing de uma loja popular, o ser poderá receber o seu maior prêmio, que é nada mais, nada menos do que ter a grande benção de adorar e venerar este mesmo “deus” por toda essa “eternidade” pelos séculos dos séculos sem fim.

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     A tradição é tão fortalecida nessa corrente de pensamento que como disse o filósofo iluminista Francês Voltaire: "Se Deus não existisse, seria necessário inventá-lo" para acalmar os corações afundados na ignorância do fanatismo religioso. A personificação de “deus” como uma figura anônima e bipolar, com sentimentos de fúria e arrependimentos tal qual a sua criatura, faz com que todo o seu poderio diminua. A visão já não embaralha mais quando se começa a vê-lo como é de fato. As peças já não encaixam mais. na verdade nunca se encaixaram. Foi apenas o ser humano que completava as lacunas com a sua criatividade para proteger a si próprio da decepção e da solidão que seria viver em um mundo sem “deus”.

 

A BUSCA DO SER POR DEUS   

       Muitos inclusive, creem na sua não existência. Seja por decepção, pelo fato deste "deus" nunca aparecer ou ter feito qualquer milagre para ele, ou por ideais lógicos, onde a presença de um ser onisciente (que não sabe onde está Abel?), onipresente (que não está na caverna com Elias?) e onipotente (que não pode destruir o “mal”?) cai em constantes contradições.

      Para Paramahansa Yogananda, Iogue e Guru Indiano; um dos responsáveis pela difusão da filosofia indiana pelo Ocidente, em sua coletânea “A eterna busca do homem”,  “Deus é o sussurro no templo de sua consciência; é a luz da intuição.”  Ele ensina que o homem é fruto das suas escolhas e que quando o ser humano escolhe agir errado, ele sabe que está a agir errado e insiste na sua escolha. Mas que em todo este processo, todo o seu ser sente o erro e que essas sensações fazem parte da voz de Deus.

    

O DEUS CÓSMICO

        Na ótica do pensamento cósmico, o conceito de Deus é bem diferente da versão tradicional religiosa. Acredita-se que o “deus” das religiões é apenas mais uma criação do homem para satisfazer as suas necessidades e calar esta voz interior que seria o verdadeiro Deus. Assim, entende-se Deus luz, Deus poder, Deus força. Como a Mestra Cósmica Saluz Estelar ensina ‘’Deus é a força que te movimenta" e ainda complementa que “é infinito e eterno e sua vestimenta é a energia cósmica”. O Deus que conecta, cria, abre, fecha, derrama, acolhe, espalha, consola e acalma. O Deus Universo que existe há muito mais tempo que a própria humanidade e que juntamente com a sua parte feminina, a Deusa, constituiu o começo, o meio e o fim. O Alfa e o ômega. Pois o dom da vida é feminino. E a Deusa foi quem deu vida a tudo o que há através da união do caos com a luz.

 

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     Esta concepção de Deus/Deusa sempre existiu. Mas o ser humano na sua necessidade de domínio, com a sede de poder, mudou tudo em nome da supremacia masculina. Criando assim o seu próprio deus para adorar e servir. Vive-se dentro da Deusa e reza-se para um Deus criado. Fantasiado. O Universo vive na Fonte criadora que é uma Deusa. E os seres humanos se afastaram da verdadeira Divindade no momento em que criou o seu modelo de deus para substituir o verdadeiro.

      Allan Kardec expõe em seu livro dos espíritos, na primeira questão que: "Deus é a inteligência suprema, causa primária de todas as coisas". Aqui pode-se concluir que Deus e religião não combinam. Que Deus, entendido como ser supremo, ser criador, não é o mesmo dos catequismos e doutrinas ensinadas durante séculos, conforme a história pressupõe. Dada diversas experiências pelo mundo, com suas histórias, mitos e crenças, divulgadas e compartilhadas observa-se que a humanidade ainda está anos luz da verdadeira compreensão do que é Deus.      

                                                                                                                                                       

                                                                                                                                                      O teu Deus te guie!